Introdução
O projeto ora apresentado para o Sesc de Ribeirão Preto procurou atender as premissas do Programa Técnico de Usos e do Termo de referências para reforma e atualização arquitetônico funcional e principalmente na valorização e preservação do edifício principal de autoria do arquiteto Oswaldo Corrêa Gonçalves, que representa e conta a historia do percurso pioneiro do Sesc nesta cidade.
Procurou-se também, através do melhor da arquitetura contemporânea, resgatar os ensinamentos que nos deixou a arquitetura moderna quanto à integração visual e física dos espaços internos, questão fundamental na dinâmica das atividades desejadas pelo Sesc. Estabelece também uma interação constante com a cidade através da transparência dos espaços do novo edifício e daquele existente.
A sede do Sesc bordeja o perímetro da área central da cidade de Ribeirão Preto e se encontra num perfeito eixo que se inicia a partir da Praça Luiz de Camões ao lado da sede da Sociedade Recreativa e de Esportes de Ribeirão Preto, passando pela Praça das Bandeiras e a Catedral Metropolitana, pela Praça XV de Novembro com o seu Teatro D. Pedro e culminando no seu novo edifício, que inaugura uma nova praça em sua cobertura.
Tais condições foram favorecidas pelos novos métodos construtivos e de materiais, em consonância com o que nos é oferecido de mais atual pela industria da construção e seu rebatimento nos conceitos de sustentabilidade constantes desde a conceituação preliminar do projeto, do seu desenvolvimento, e pela ação planejada da obra e de seu canteiro que culmina com o uso adequado e naturalmente respeitoso do complexo arquitetônico pelos seus usuários.
Partido Arquitetônico
Diante das limitações de altura para o novo edifício impostas pelas posturas municipais, das dimensões do terreno e do programa de necessidades apresentado pelo Sesc - inclusive com a sábia manutenção do edifício existente - optou-se por um partido arquitetônico que estabelecesse com dignidade o novo complexo, respeitando todas estas condições e enaltecendo a qualidade ambiental para a coletividade usuária, desde o acesso, utilização dos espaços, até a saída, como também preocupação referente à localização dos usos públicos de modo a não interferir nas atividades cotidianas dos associados.
Assim, optamos por adotar uma passarela interna elevada de acesso pela Rua Visconde do Rio Branco que se conecta num primeiro momento ao Teatro e se desenvolve paralelamente ao edifício existente, integrando o seu pavimento superior - onde se situam a Central de Atendimento, a Administração do Sesc e o Serviço Odontológico - ao hall da circulação vertical e culminando junto à Av. Dr. Francisco Junqueira com as Salas Polivalentes e um simpático espaço de descanso e papo, a cavaleiro desta avenida com a Rua Tibiriçá. A passarela portanto, é o elemento mais importante da fruição pelo complexo do Sesc que conduz através de rampa, escadas ou elevadores ao ambiente da Convivência no piso inferior, térreo do edifício existente, que abriga Área de Exposições, Biblioteca e a Internet Livre. Em espaços contíguos neste mesmo plano de atividades, teremos, além dos inúmeros ambientes de estar e leitura, aquele do Turismo Social, Restaurante, Café, Loja e o acesso inferior ao Foyer da Platéia do Teatro com 350 lugares que pode ser duplicado ao somar-se a uma área descoberta aberta para a cidade na parte posterior do palco. Desse modo o setor social se desenvolve nos dois níveis descritos preservando sua atual organização e uso com o conforto de uma nova espacialidade.
Em nível imediatamente superior à passarela elevada, acessado por meio da praça de elevadores e escadas contidos em generoso vazio, encontramos as Oficinas Culturais de um lado e os espaços dedicados as crianças (Projeto Curumim, Brinquedoteca e o Parque Infantil) do outro, sobre o teatro, interligados à circulação vertical por passarelas. Abrigam estes setores um novo edifício.
Com uma arquitetura em aço, vidro, brises e superfícies metálicas o novo edifício nasce sobre poucos e robustos pilares que o sustenta, possibilitando abrigar ambientes que exijam grandes vãos, vencidos por treliças metálicas. Possui pavimentos com pés-direitos variáveis de acordo com as necessidades inerentes de cada modalidade esportiva, se constituindo em espaços de grande qualidade arquitetônica, ventilados naturalmente e iluminados grande parte do dia também de forma agradável, proporcionada por componentes arquitetônicos que filtram a luz e controlam a incidência térmica. Estes espaços além das qualidades intrínsecas citadas oferecem aos usuários a paisagem constante da cidade e interação com os espaços adjacentes em virtude de sua transparência.
Claramente organizados os níveis se sucedem e se interligam através do vazio central, tendo em seu primeiro nível as áreas esportivas determinadas pelo Ginásio/Quadras, Sala de Ginástica Multifuncional e Salas de Atividades Físicas, além de suas respectivas áreas de apoio. O segundo abriga as Piscinas Cobertas e o terceiro, chamado de pavimento teto-jardim, caracteriza-se pelos vazios do vão central, das quadras, da piscina coberta e dos passeios que os circundam voltados para face nordeste e sudeste que proporciona o conforto do sol da manhã, a sombra da tarde e o desfrute da paisagem urbana oferecida pela sucessão de praças citadas no preâmbulo deste texto, como também o Morro de São Bento situado nas suas imediações. Além disso, contém discretamente o local dos vestiários das piscinas da cobertura com suas rampas específicas de acesso. Por fim, encontra-se o pavimento da praça aberta superior com suas três piscinas, solário e uma pequena lanchonete disposta sob o beiral da cobertura high tech do vazio central do edifício.
Com acesso pela Rua Álvares Cabral foi proposta a carga e descarga de componentes para o teatro, como também o desenvolvimento da rampa do estacionamento, proposto em dois níveis com 172 vagas para automóveis. Possui no primeiro subsolo áreas técnicas vinculadas ao palco do teatro e seus respectivos camarins individuais e coletivos, além das demais áreas de serviços, tais como RH, Central de Segurança, Almoxarifado, Oficina de Manutenção, Lixo e Depósitos. No segundo subsolo, correspondendo à projeção do palco do teatro, encontram-se a sala de ensaios e os depósitos desse equipamento.
Os programas de Educação Ambiental do Sesc que divulga o entendimento, manutenção e inovação de sistemas de proteção do meio ambiente, principalmente daqueles voltados às edificações serão reforçados no futuro desenvolvimento do projeto, pois serão qualificados e introduzidos à parâmetros de execução, os mais eficientes sistemas de tecnologia limpa, previstos desde sua concepção e sempre associados ao balanço energético, fonte da sustentabilidade.
A estrutura metálica do novo edifício, explicada e compreendida através dos diagramas de sistema estrutural apresentados no projeto, merece destaque na concepção do projeto pois, precisamente através de sua proposta arquitetônica, o diálogo entre o prédio projetado pelo arquiteto Oswaldo Corrêa Gonçalves e o novo edifício foi elevado ao alto grau de respeito e experiência arquitetural. Definida por pilares, mísulas e uma base principal, sustenta o conjunto estrutural composto por grandes treliças metálicas, onde se sucedem as varias lajes que definem os ambientes esportivos até a praça suspensa descoberta. Além dos grande pilares, dois blocos constituídos pelo Teatro e pelas Salas Multiuso constituem a segunda linha de apoio do novo edifício, também paralela ao edifício existente, fazendo ambas reverência à sua a condição axial, leveza e beleza estrutural de sua arquitetura.
Local: Ribeirão Preto, SP
Ano: 2013
Área do Terreno: 20.600m²
Área do Projeto: 6.250m²
Autores:
Daniel Corsi
Dani Hirano
Vasco de Mello
Colaboradores:
Anna Juni, Henrique te Winkel