Um eixo de conexão entre rua e parque, uma condição a partir da qual a implantação e os vetores de distribuição de todas as múltiplas funções do complexo se articulam. O partido arquitetônico determina a construção de um edifício em duas faixas paralelas que se desenvolvem no sentido da profundidade do terreno, gerando uma praça coberta de altura integral entre elas. Esta praça assume diversas funções ao longo do percurso através do edifício: primeiramente como saguão de entrada principal conectado à rua Guilherme Lino dos Santos, num segundo momento como praça interna no nível principal (759.50) e finalmente como acesso em nível com o Parque Vicente Leporace, para o qual pretende-se que o SESC seja um indutor de transformações ao longo do tempo. A Praça é o espaço central do complexo arquitetônico. É espaço de encontro e espaço de estar. Sem programa definido, acolhe o livre uso do frequentador, em seus bancos, escadas e múltiplas áreas de permanência. Todos os itens do programa se relacionam com este espaço, inclusive as áreas externas em função da transparência do restaurante social e do próprio edifício, que de maneira sutil revela os fluxos e usos em seu interior através da envoltória translúcida.
A implantação assenta o edifício nos níveis naturais do terreno, sobretudo no platô existente, no nível 759.50, propondo um mínimo movimento de terra. As faixas são definidas em suas dimensões segundo o programa. A faixa norte recebe o programa esportivo e a faixa sul os programas cultural e sócio-educativo, exceção feita ao teatro, que se posiciona na faixa norte junto à entrada desfrutando de posição de destaque no complexo. Na área livre ao sul do edifício concentram-se o conjunto aquático descoberto, as quadras poliesportivas externas e a cancha de areia. As áreas infraestruturais e operacionais encontram-se na cota da rua, e ocasionalmente distribuídas pelos setores do edifício conforme conveniência. Nesse nível também se localiza o estacionamento. O projeto tem por foco a liberdade de fluxos dos frequentadores. Para tanto, tira-se partido de várias conexões – verticais e horizontais – ligando de modo flexível toda a programação. A Praça é o ponto de partida das principais conexões.
Construção
Edifício a ser construído predominantemente em estrutura de concreto e alvenaria, com exceção da cobertura que envolve todo o edifico, esta em estrutura de aço, possibilitando a sua construção em etapas sem prejuízo da operacionalidade do complexo. Sua estrutura se define por um sistema de pilares, vigas e lajes em sistemas de concreto armado ou protendido “in loco” e estrutura em aço. A modulação básica da estrutura é de 20m X 20m. As lajes são nervuradas e protendidas para permitir bom espaço para instalações entre forro e laje. Foram previstos os melhores conceitos de conforto ambiental, propondo espaços providos de iluminação e ventilação naturais, e ar condicionado quando necessário. O projeto desenha estruturas de concreto em vãos econômicos e dimensionados para proporcionar espaços abertos e flexíveis. O projeto prevê caixilhos de alumínio anodizado, vidros laminados, elementos de proteção solar em alumínio, além de um grande elenco de materiais de acabamento de padrão elevado. As instalações prediais estão previstas de forma a serem sempre facilmente acessadas e mantidas, prevendo um conjunto de shafts horizontais e verticais.
Eco eficiência e conforto ambiental
O projeto define iluminação e ventilação natural para a Praça e climatização artificial nos espaços fechados que o demandarem, através do uso de ar condicionado no verão e possibilidade de aproveitar o clima natural no inverno e nas épocas de transição e noturnas. Pele hermética de vidro seletivo com transmissão baixa de calor para aumentar a eficiência energética do ar condicionado. Possibilidade de abrir as janelas para aproveitar a ventilação favorecida pela orientação nas épocas mais temperadas do ano e/ ou do dia. Coleta, filtragem, tratamento UV (luz ultravioleta) e armazenamento de águas pluviais e condensadas (do Ar Condicionado). Uso de água pluvial e condensada como água cinza para irrigação automática dos jardins e vasos sanitários. As águas pluviais serão coletadas em todas as coberturas e áreas impermeabilizadas. Ao redor da edificação escoamento natural das águas pluviais. A fachada em toda a superfície do edifício está à disposição para os efeitos cinergéticos de sombreamento e geração de energia elétrica e/ou água quente com um só elemento arquitetônico, que são os elementos de sombreamento. Em todos os elementos, desde o partido arquitetônico até os pormenores construtivos mais elementares, o projeto se serve dos melhores conceitos de criatividade, funcionalidade, solução plástica, economia, construtividade e contribuições tecnológicas, fundamentais para a definição de uma arquitetura ao mesmo tempo contemporânea e atemporal.
2º Prêmio
Concurso Público Nacional de Projeto Arquitetônico para o SESC Guarulhos
Local: Guarulhos, SP
Ano: 2009
Área do Terreno: 22.415m²
Área do Projeto: 14.973m²
Autores:
Daniel Corsi
Dani Hirano
Reinaldo Nishimura
Mario Biselli
Artur Katchborian
Colaboradores:
Ana Carolina Mendes, André Sauaia, Cassia Moral, Cassio Oba, Luiz Marino Küller, Claudia Zanoio, Luciana Conti, Raquel Rodrigo