Duas instituições equipotentes determinam aqui a origem de algo maior: a própria Arquitetura. Se esta deve promover o encontro, fazê-lo entre aqueles que a representam é primordial. Trata-se, em suma, de se erigir um monumento que, diante de sua sólida presença, seja capaz de nos emocionar e nos conduzir a uma compreensão precisa do significado de convivência e do sentimento que nos evoca a força dessa construção social. Consciente da responsabilidade simbólica deste conjunto, buscamos alcançar a estatura de suas dimensões éticas e estéticas, propondo uma Arquitetura que, por meio da expressão das instituições que abriga, conduza-nos a uma vivência verdadeira de seus valores fundamentais. A Arquitetura se ergue plenamente quando consolida uma síntese dos princípios que a conceberam e que seguirão sustentando a sua permanência. Assim, a noção de unidade nos confere um juízo contundente para a construção deste novo marco: como um amálgama – com absoluta autonomia – unem-se no conjunto arquitetônico das Sedes do IAB/DF (Instituto de Arquitetos do Brasil - Departamento do Distrito Federal) e do CAU/BR (Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil), os valores das entidades, do urbanismo do lugar, da integridade, da tradição arquitetônica, da pesquisa tecnológica, da consciência temporal, do exercício digno das funções, das dimensões públicas de acolhimento e da promoção cultural. A proposta se estrutura segundo a premissa de plena autonomia das instituições, garantindo a independência necessária de suas presenças e funções. Por conseguinte, duas entidades originam dois edifícios que se fundem num único ato: partes complementares de um todo que, a partir dessa união, pode transmitir o autêntico preceito que compartilham: o significado da Arquitetura para a cidade e a sociedade. Essa condição é inaugurada por um eixo longitudinal definidor da independência funcional das entidades e, principalmente, do espaço público que permeia o conjunto, abrindo-o para a paisagem de Brasília. Este mesmo eixo se expande verticalmente numa incisão precisa no volume aéreo que abriga parte do programa e define o acesso e a sombra do lugar: um corte revelador do interior para onde ambas convergem, um mesmo lugar, um vazio unificador. A grande porta urbana que se torna o edifício acontece por meio de uma clássica atitude da Arquitetura Brasileira: a presença do vão. A estrutura se torna espaço ao solidificar a construção mútua das instituições que, com seus estritos apoios, passam sustentar uma à outra. O projeto define de modo incisivo a identidade de cada instituição através de concepções equilibradas de linguagem, de setorização espacial do programa em diferentes níveis e de sistemas de circulações independentes. Sempre de modo equivalente, ambas desfrutam da implantação de eficiente proteção solar e de apropriação da bela paisagem, trazida para seu interior com praças e espelhos d’agua. Uma construção que se principia vigorosa com o concreto armado e que vai se tornando mais leve com o predomínio de elementos metálicos na estrutura superior e sistemas de fachadas. Soluções que tem por objetivo o bem-estar dos usuários, o uso inteligente dos recursos e expressões inovadoras. O encontro entre IAB/DF e CAU/BR é anunciador: edifícios, expressões e especificidades preservadas definem uma precisa autonomia compartilhada e respeitosa. Uma Arquitetura única que busca consolidar os princípios comuns nos quais acreditamos. Se a Arquitetura pode unir as pessoas, pode também as reunir em instituições que a representam num lugar onde toda e cada parte é um só.