Diante do caráter da instituição abrigada, a nova sede da Confederação Nacional de Municípios, não poderia ser definida somente pela criação de um simples edifício, mas pela instauração de um novo lugar e acontecimento, remetendo ao próprio processo de fundação de uma cidade. Assim, a proposta se estabelece primeiramente como um abrigo, uma cobertura que acolhe o usuário das fortes condições climáticas do interior do país, criando uma variedade de espacialidades e impressões. Este elemento fundador do projeto, trabalhado em função dos aproveitamentos máximos da lei – ocupação, recuos e altura – cria uma nova paisagem no interior do terreno e do edifício, num contexto limitado por uma série de construções vizinhas. O projeto reflete a própria capital, definindo uma centralidade do espaço público e urbano através de uma praça de proporções monumentais que qualifica o espaço público e o seu entorno com uma paisagem definida pela pausa do vazio, como as próprias malhas urbanas. A praça cívica é o grande lugar simbólico de assembleia dos cidadãos, que a descobrem através de um expressivo percurso caminhando por baixo da grande lâmina horizontal que constitui o edifício até alcançarem o grande espaço central como nos próprios percursos das cidades, desvendadas pelo caminhar. Um conjunto arquitetônico imponente e representativo da essência da entidade num espaço que se configura no tempo não só como intenção estética, mas como acontecimento perene: a arquitetura como geradora de cidade e do encontro de seus cidadãos.
Construção / Instalações
Para uma execução rápida e econômica da obra, o processo de construção se define por tecnologias e materiais de máxima industrialização. O edifício foi concebido com sistema construtivo misto: concreto armado no embasamento (Subsolos e Térreo) e metálica nos níveis superiores (1º e Cobertura). Definida por vigas metálicas sustentadas por oito apoios, a estrutura permite uma grande flexibilidade para as áreas de trabalho, também funcionando como infraestrutura, abrigando forros técnicos e pisos elevados, contendo instalações de energia, iluminação e hidráulica, além de dutos de instalações nas vigas principais. As fachadas possuem o fechamento de caixilhos de alumínio e vidros com serigrafia além de brises metálicos onde necessários para maior proteção contra insolação. Todos demais elementos construtivos, bem como as soluções tecnológicas que permitem o controle das instalações do edifício, são concebidos a partir de padrões industrializados e sistemas de simples manipulação e manutenção, visando à exequibilidade do projeto, redução do impacto ambiental e rapidez na execução da obra, além de evitar desperdícios ou gastos imprevistos com manutenção de longo prazo.
Soluções Ambientais / Ecoeficiência
O projeto prioriza todos os aspectos referentes à sustentabilidade, economia de recursos e acessibilidade universal, privilegiando a qualidade dos espaços de trabalho. Com pé-direito livre de 3.00m e salas dispostas diretamente nas fachadas, possibilita uma redução significativa da utilização de energia e ar condicionado devido ao alto aproveitamento da iluminação e ventilação naturais. Na cobertura do edifício é proposta a utilização de ‘teto verde’, reduzindo substancialmente a excessiva exposição ao calor característica desta região, mantendo o interior do edifício dentro de padrões ideais de conforto térmico. A reutilização de águas servidas é feita através da captação na cobertura e de espelhos d’água, além das áreas impermeabilizadas, sendo providas de tecnologia de tratamento e reserva para sua devida reutilização. O projeto contempla ainda a possibilidade de gênese de recursos de energia renovável, seja através da cobertura ou até mesmo das próprias fachadas. Estas são constituídas por um único fechamento de vidro serigrafado em diferentes proporções conforme a sua orientação e incidência solar, criando uma eficiente proteção contra radiação e colaborando para a eficiência energética, juntamente com a indispensável utilização do brise-soleil metálico no seu exterior, o que também faz enaltecer a imagem da arquitetura do edifício mantendo sua força e simplicidade.
Concurso Público Nacional de Arquitetura Sede da CNM (Confederação Nacional de Municípios)
Local: Brasília, DF
Ano: 2010
Área do Terreno: 5.000m²
Área do Projeto: 10.500m²
Autores:
Daniel Corsi
Dani Hirano
André Sauaia
Colaboradores:
Marina Nunes, Elis Cristina Morales, Henrique te Winkel, Rui de Jesus, Tomas Giannattasio, Jörg Spangenberg