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Centro Cultural, de Eventos e Exposições de Cabo Frio


A proposta para o Centro Cultural, de Eventos e Exposições de Cabo Frio se estabelece primeiramente como um novo marco urbano da cidade. Um evento cujo impacto se estende na dimensão de sua paisagem, mas também na sua apropriação pelos cidadãos. Um espaço capaz de acolher o público em generosos ambientes de atividade e convívio. Diante de seu potencial, o projeto busca valorizar a privilegiada situação geográfica em frente à Lagoa de Araruama e o Dormitório das Garças. Desse modo, surge um lugar dinâmico para que os cidadãos possam nele se reconhecer e transformá-lo em um grande ponto de confluência turística condizente com a cidade. A proposta se estabelece primeiramente como um abrigo que acolhe o programa e o usuário das fortes condições climáticas da região e em uma variedade de espaços e ocupações que fundam o exterior em paisagem e o interior em arquitetura: a cidade e o encontro. Aliada a estas questões, as novas tecnologias aparecem como meios indispensáveis para propor um sistema construtivo funcional, racional, flexível e econômico, trabalhado para atender todas as incontáveis possibilidades que uma instituição como o CCEE deve ser capaz de oferecer a Cabo Frio e a outras futuras cidades do Estado.

Implantação

A estratégia de implantação busca a predominância da paisagem a qual o CCEE se soma, estimulando a reurbanização da orla e contemplando suas diferentes escalas. O projeto se insere no terreno através de um volume horizontal que se acomoda na topografia potencializando a apreensão do visual panorâmico em toda sua extensão e sendo também visível em um extenso raio formado pela lagoa e rodovias. O CCEE está contido numa única faixa onde o programa se distribui em condições e espaços distintos. A chegada dá-se através de uma praça monumental que leva o público à área coberta de acolhimento capaz de abrigar uma grande quantidade de usuários e distribuir os públicos em dois níveis distintos. O agenciamento dos espaços se faz por acessos e controles que delimitam áreas de atividades que podem ser abertas autonomamente: pelo nível superior se acessam as Salas de Reuniões e pelo inferior Espaço Multiuso e Auditório. Priorizando sempre uma relação contínua e inseparável entre exterior e interior, o edifício se define como um intermediário entre os programas nele abrigados e as áreas externas propostas preparadas para eventos de grande escala, além de vislumbrar a paisagem. As expansões previstas poderão se localizar na porção sudeste do terreno, não interferindo na volumetria principal, sendo possíveis de serem acessadas separadamente.

Programa

Os espaços para a cultura, eventos e exposições serão dotados de total flexibilidade, adaptabilidade e controle, possibilitando a sua autonomia segundo a demanda de cada tipo de situação abrigada. Através do controle de iluminação, ventilação, ar-condicionado e divisórias móveis, o CCEE poderá fazer com que todos os seus espaços assumam diferentes tamanhos e configurações, separados ou unidos. A ligação com as áreas técnicas, armazenamento e doca se dará diretamente no nível principal. A versatilidade dos espaços também é possível pelo próprio conceito estrutural do edifício que apresenta um vão livre de grandes proporções. Quando necessário, a grelha estrutural poderá servir de ponto de apoio e suporte para peças de pequeno ou grande porte. O circuito de visitação reflete o conceito de flexibilidade adotado, definindo uma variedade de fluxos que buscam atender toda a versatilidade do prédio. Operações de entradas e saídas poderão ser feitas por ambos os níveis, sendo trabalhados em função da independência do número de pessoas ou das atividades acolhidas. O projeto permite acessibilidade total com relação ao público especial. A liberdade dos diversos deslocamentos possíveis vislumbra espacialidades e sensações variadas, envolvida pela luminosidade controlada e dinâmica de suas fachadas e cobertura. São propostos espaços que sejam também fisicamente diversificados, permitindo eventos interiores e exteriores de feiras, congressos, exposições, seminários, shows etc.

Estrutura

O sistema estrutural proposto contempla, primeiramente, todas as necessidades específicas do funcionamento do CCEE. A estrutura metálica mostra-se ideal ao partir do máximo de industrialização e do mínimo dimensionamento para o ideal uso dos espaços e economia de recursos. Para isso, a estrutura principal se define por duas linhas de apoios que se desenvolvem no sentido longitudinal com um vão livre de 37,5m e balanços laterais de acesso e apoios às fachadas. Sobre estes eixos se apoiam vigas principais transversais e a grelha que desempenha uma diversidade de funções além da estrutural. Sua configuração permite uma grande flexibilidade para os espaços, além de se revelar como infraestrutura, abrigando instalações elétricas, de iluminação, hidráulica e climatização. Suas etapas de execução podem se desenvolver com soluções técnicas rápidas e econômicas significativas frente à escala do projeto. Todos os demais elementos construtivos permitem a redução do impacto ambiental e de desperdícios ou gastos imprevistos com manutenção de longo prazo. O projeto reduz ao máximo o impacto no terreno ao minimizar os ajustes na topografia e apresentar poucos apoios. Elementos pré-fabricados de concreto armado complementam seu embasamento e apoios.

Instalações

As instalações hidráulicas e elétricas estão configuradas para fácil manutenção e acesso, fazendo uso do sistema estrutural proposto. Os reservatórios de água situados próximos e sobre o volume principal atenderão a demanda do edifício tanto para água servida como para sistemas de incêndio. As instalações elétricas visam reduzir ao máximo o consumo de energia considerando a possibilidade do uso de luz natural. Pontos de luz, energia e água solicitados para os espaços de exposição e eventos estão previstos para serem implantadas nas áreas de forro e piso atendendo com liberdade total de modulação e adaptação, para pontos. O uso de climatização no edifício torna-se complementar considerando que a proposta arquitetônica é capaz de manter os interiores em condições adequadas de conforto térmico por boa parte do ano. No entanto, para atender às condições climáticas extremas e à especificidade dos espaços o edifício prevê instalações de ar-condicionado, baseado na economia, controle e flexibilidade. Através das grandes vigas longitudinais, o sistema funciona como ramificação atendendo a cada espaço independentemente.

Sustentabilidade

Segundo o Diagnóstico Climático da cidade de Cabo Frio, mostra-se possível que um edifício bem planejado em aspectos de conforto ambiental funcione a partir da mínima utilização de ar-condicionado pela maior parte do ano, um dado muito significativo e que se torna diretriz determinante, no intento de realizar um projeto condizente com o clima local. Todos os espaços possuem total controle de iluminação natural adaptável conforme a variação da incidência de luz e segundo o evento programado. A iluminação será dotada de controle por meio de aberturas zenitais e fachadas têxteis reguláveis. Estas superfícies que protegem o edifício desempenham uma proteção térmica indispensável nas condições climáticas às quais está exposto o CCEE. Junto com a cobertura composta de telhas termoacústicas de alto desempenho e tetos verdes, suas superfícies são os principais elementos que garantem as condições adequadas de conforto em seu interior. A predominância de cores claras em quase todos os elementos busca refletir o máximo de incidência de radiação e transmissão de calor. Tirando partido do sistema estrutural e dos fechamentos, os espaços entre as estruturas são vazios de circulação de ar entre o fechamento interno de fórmica, policarbonato ou vidro e a proteção externa de tecido que protege o volume. Essa camada de ar cria uma zona de transição, tanto espacial (galerias exteriores) quanto térmica, amenizando os contrastes entre interior e exterior e auxiliando no equilíbrio climático interno. Os fechamentos preveem uma diversidade de aberturas com painéis que se alternam entre fixos e móveis e garantem a ventilação cruzada para a retirada do excesso de ar quente. Quando necessário, as aberturas podem ser fechadas mantendo o edifício totalmente vedado.

Paisagismo

A implantação reduz as interferências no terreno possibilitando assim, a ocupação de todo o restante da área com vegetação de pequeno ou grande porte. O projeto preconiza a fluidez do espaço com a variação das densidades da vegetação, por meio do uso de espécies nativas e de grandes planos horizontais que determinam a composição do espaço. Foram priorizadas a continuidade espacial e a valorização do meio natural circundante. Assim, alguns dos limites foram definidos por linhas d’água, acompanhados por uma massa arbustiva densa que, além de criarem um controle, poderão dar continuidade a um circuito de coleta de águas pluviais que servirá para a manutenção de uma cisterna subterrânea, cujas águas serão utilizadas na manutenção de áreas externas e águas servidas. Para facilitar a penetração da água no solo foi adotado o uso de pisos semipermeáveis: cerâmica auto drenante (principais circulações), concregrama (estacionamentos) e pedrisco (caminhos periféricos). O espaço destinado a eventos externos contará com a infraestrutura necessária de sanitários, apoio, áreas de sombra e alimentação, originando uma variedade de percursos e espaços externos.

Identidade

Através de sua implantação e forma, o CCEE possibilita uma expressividade espacial e sensitiva da ideia de evento. O edifício se torna primeiramente, uma referencia àquilo que o envolve, seja pela sua composição física ou pelo que nele ocorre. Um evento em constante movimento conforme a luz do dia e a força dos ventos, bem como as mudanças em seus espaços. Um estímulo para que qualquer cidadão se sinta convidado a participar. A superfície da fachada é criada a partir de uma modulação de 2,5m, cuja padronização de dimensões industrializadas varia seu desenho de abertura/transparência de acordo com o lugar e os usos internos do CCEE. Os planos de tecido retrátil refletem a diversidade de efeitos que conforme suas posições fazem com que o edifício tenha total nível de transparência e permeabilidade visual ou não, conforme desejado.


Menção Honrosa

Concurso Público Nacional de Arquitetura para o Centro Cultural, de Eventos e Exposições de Cabo Frio - Rio de Janeiro

Local: Cabo Frio, RJ
Ano: 2014
Área do Terreno: 27.480m²
Área do Projeto: 5.370m²

Autores:
Daniel Corsi
Dani Hirano
André Sauaia

Colaboradores:
Fábio Carneiro, Laís Labate D’Almeida e Silva, Adriana Godoy, Felipe Fuchs


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