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Living In The Metropolis SP450


O Ser da Natureza + A Natureza do Ser

A idéia de se expressar uma necessidade e um desejo que deu origem a esse projeto. A primeira representada pela idéia elementar de abrigo, do homem que vive e habita um espaço, precisando da proteção e acolhimento que este deve lhe proporcionar. A segunda, traz o homem contemporâneo que, mais no do que nunca, tem um universo próprio, criado à sua maneira e, que busca satisfazer todas suas vontades e desejos num mundo frenético e inconstante de que hoje fazemos parte.

Representando esse anseio, adotamos para a concepção do projeto, uma apropriação do espaço que acontece através da pixelização deste. Através de uma malha e de um módulo, o PÍXEL, todo o projeto se desdobra, criando uma interface dinâmica entre o todo e cada uma das partes.

O PÍXEL representa, metaforicamente, essa natureza do homem, definida pela tecnologia digital, pela comunicação e pela informação, assim como pela imagem e o conteúdo iconográfico que esta pode produzir. Um módulo mutante, que possibilita a criação de um espaço que pode assumir uma infinidade de naturezas.

O projeto é dividido em três escalas:

Escala A – A Metrópole

Estudando a localização do terreno e levando em consideração sua inserção na malha urbana, torna-se indispensável uma leitura mais ampla, fazendo-o com que se envolva se interaja com toda a metrópole da qual faz parte.

A metrópole da qual falamos é aquela que possui uma poética urbana, intensamente presente nesse local através da linha férrea. Esta traz uma série de referências para se pensar o lugar. A história está presente neste projeto através da referência à natureza que um dia ali existiu quando a várzea do rio Tietê ocupava seu espaço natural, assim como a presença de uma espécie de “galpão” (pórtico de acesso ao subsolo) que retoma o aspecto das indústrias que tanto definiu a imagem da cidade. Junto a isso está a idéia de se representar os movimentos e as velocidades que caracterizam a cidades hoje. Através da barra de lazer e serviços se traduz uma estética urbana, feita para ser vista pela rápida velocidade dos meios de transporte. O marco vertical resume toda essa leitura urbana, trazendo para um local de pouca identidade, assim como para as pessoas que ali transitam, um símbolo que a noite se torna um farol urbano, referenciando a história, a velocidade e o lugar.

Escala B – O Local

O espaço que o arquiteto pensa, na verdade, não é exatamente o construído, o material, mas sim o que fica entre esses elementos, o vazio. É desse modo que acontece a implantação deste projeto. Utilizando-se de uma topografia operativa, ou seja, aquela criada para servir as funções do homem, cria-se um espaço natural, um micro-ambiente na cidade repleto de verde, tornando-se até mesmo um lugar bucólico. Uma paisagem constituída pelo vazio, pelo espaço existente entre as árvores, assim como pelas casas, que se implantam do mesmo modo que a vegetação. As unidades tornam-se árvores, dado origem um espaço “entre”, onde tudo acontece.

Através de um eixo principal de circulação, definido pela imensa árvore hoje lá existente e único elemento significativo do terreno, uma alameda é criada percorrendo toda a área de habitar até chegar na barra que margeia a linha de trem que protege todas as residências do ruído e movimento que ali acontecem.

Acima de tudo isso está uma grande cobertura metálica, totalmente elaborada como uma tela de pixels, dividida em módulos de 1, 3 e 6 metros. Esta unifica todo o conjunto de 33 unidades habitacionais (12 de 60m², 9 de 90m² e 12 de 150m²), gerando uma série de diferentes espaços, dos fechados aos totalmente abertos, dependendo da função a ser abrigada. Seu aspecto pixelizado gera um cenário inusitado através do acontecimento de luzes e sobras inesperadas e diferentes a cada hora do dia.

Escala C – As unidades

A idéia do “habitar“ sofreu muitas modificações nos últimos tempos. A funções elementares (social, íntimo e serviço) continuam presente, porém, sua essência hoje se encontra na fusão do abrigo e do desejo. Desse modo, interpreta-se as unidades através de três objetivos principais. O primeiro é o da tecnologia, seja a da construção ou da informação. Da casa acessa-se o mundo, tornando-se um pleno meio de comunicação, principalmente pela Internet. Para isso as unidades criadas são definidas por uma parte material, e outra desmaterializada, sendo esta constituída por uma membrana digital de cristal líquido que pode assumir as mais diversas características, desde texturas e imagens ou de transparência e opacidade total. Temos também a preocupação com o meio ambiente, tendo em suas coberturas a possibilidade de captação de luz solar e sua transformação em energia. Por fim, temos a grande qualidade das unidades aqui pensadas: a multiplicidade de espaços e de formas de ocupação. Funcionando como um mecanismo que se abre ou se fecha, podemos ter uma casa onde os espaços são claramente definidos, assim como podemos ter um único espaço, dependendo do desejo do homem que ali habita. A não compartimentização do espaço é plena, possibilitando uma infinidade de formas de ocupação, que o homem pode resumir num simples abrigo, onde dorme, trabalha, se diverte ou num espaço onde a busca de todos os seus desejos e vontades, torna-se totalmente possível pela espacialização de suas duas naturezas: a da qual faz parte e daquela que ele mesmo criou.


2nd Prize
Living In The Metropolis 450 Years National Architecture Public Competition

Location: São Paulo, SP
Year: 2004
Site Area: 9.100m²
Built Area: 9.929m²

Authors:
Daniel Corsi
Dani Hirano
Danilo Terra

Model:
Leon Richard Benkler

Prizes:
Honorable Mention - Housing Project Category - 5th Architecture Biennale of Brasília (2006)

Exhibitions:
5th Architecture Biennale of Brasília (2006)
Living In The Metropolis São Paulo 450 Years - Conjunto Nacional - Editora Abril (2004)


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